quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

caso clínico

“Oh Dr. precisava que visse aqui uma coisa.”

Sempre com a mania que tem que dar ar de quem é muito atarefada, avançou rapidamente para o laboratório, certa de que o Dr. iria segui-la até lá. E ele lá foi, a metade da velocidade dela, porque já tem estatuto para andar devagar durante o horário de trabalho. Ela lá entra no laboratório a uma velocidade alucinante. E ela lá faz a curva à mesma velocidade alucinante. E de repente, os pés dela pisgam-se em auto-gestão para o ar até ficarem à mesma altura da sua cabeça…
“oh foda-se, enceraram o chão!”
O seu corpo cai desamparado em prancha no chão sujo, apesar de encerado, do laboratório, não sem antes dar uma valente cacetada com a cabeça num frigorífico em ferro maciço, topo de gama em 1963.
“foda-se, ele deve vir já aí!”
Levanta-se rapidamente, abana a cabeça, o que dói logo se vê, agora há que manter a postura. O Dr. entra e ela já está semi-de-pé, ainda agarrada ao frigorífico, meio-despenteada e com os olhos torcidos.

Freeze
Sem a introdução prévia, a interpretação deste quadro seria: menina má acabou de fazer sexo louco no laboratório, viu que o chefe estava a chegar e escondeu o amante dentro do frigorífico.

Des-freeze

Ela nem o deixa falar “acabei de cair, tou bem e o que eu lhe queria mostrar era isto…”
Uns minutos depois sente o cabelo pesado, passa com a mão na nuca para ver o que poderá ser, sente um galo do tamanho de uma avestruz e o cabelo está molhado. Olha espantada para a mão coberta de sangue, chama cabrão ao frigorífico e puta à empregada da limpeza, chama o chefe e diz “oh Dr… afinal…” enquanto lhe mostra a mão ensanguentada e põe um sorriso palerma.

Freeze
Sem a introdução prévia, a interpretação deste quadro seria: matei-o, mas foi sem querer…

Des-freeze

Fazem-lhe um penso. Colocam-lhe uma ligadura à volta da cabeça. E por meia hora ficou em tudo parecida com o Nuno Gomes depois de abrir o sobrolho, com o devido curativo aplicado e de volta ao campo, com tufos de cabelo desgrenhado a saltarem por cima e por baixo da bela ligadura branca. Discutem o procedimento a seguir, ela deixa bem marcada a sua posição no processo “desde que eu chegue a casa e possa lavar o cabelo, não quero saber do resto”. Acabam por lhe dar “2 pontinhos”. Ela lavou o cabelo assim que chegou a casa. E agora sim, já podia perder tempo para investigar onde tinha dores... “ok, acho que tenho dores nas costas e no pescoço!”

Nota da autora: esta besta anormal é a minha irmã. Como será possível que, tendo um exemplo de perfeição e boa conduta na sua irmã mais velha, ela tenha degenerado numa criatura tão desprovida de equilíbrio psicológico e com uma total inversão de prioridades? Pobres paizinhos…
(Caracois-L)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

God vs David Lynch

Deus, aquele cujo passatempo favorito sou eu, e o David Lynch, aquele que faz filmes quando bebe e escreve a história da minha vida quando se droga, hoje brincaram um com o outro.

Deus avança:

Ontem tive uma das várias réplicas do pseudo-date, mas portei-me bem, apesar de me ter deitado tarde. Hoje fui trabalhar, pelo que até acordei cedo (tendo em conta que era Domingo) e bem-disposta (reforço: tendo em conta que era Domingo) e até saí de casa com tempo de sobra para beber um café e fumar 3 ou 4 cigarros antes de entrar ao serviço. Chego ao metro e dentro da minha mala não estava a carteira. Ficou dentro da minha mala-pipi-coquette que usei na noite anterior. Volto a casa, agarro a carteira, volto a sair, rezo por um táxi, ele lá aparece, vou a correr para chegar a horas, curiosamente ia render a chefe, conto-lhe a história e ela goza comigo porque apanhei um táxi para não chegar atrasada.

Eu: Está a gozar comigo porque eu apanhei um táxi para conseguir chegar a horas?
Chefe: Estou! Epa, chegavas atrasada e pronto! Taxi… pffff
Eu: OK…

David Lynch contra-ataca:

Uma amiga manda mensagem a perguntar como foi o pseudo-date. Aqui devo acrescentar que ontem estive 3 horas sentada no chão da casa-de-banho a lavar roupa à mão. Acreditem que esta informação é pertinente.

Amiga: Conta-me tudo. Tou a morrer de curiosidade!
Eu: Foi fixe. Fomos ao teatro, depois fomos beber uns copos, depois viemos aqui para casa e acabamos deitados em cima da minha cama até às 7h30 a conversar.
Amiga: Nem um beijinho? Ele também está a pedi-las!
Eu: Nada! Ainda houve a sugestão (da parte dele) de olhar pró meu rabo sem roupa, porque me doía o cóccix, eu não deixei. E pronto.

A resposta a isto, merece o prémio de melhor moca por snifar atmosfera… e juro que estou a transcrever literalmente a mensagem que recebi.

Amiga: Calma… Calmaaaaa!!!! Tu estavas em cuecas (ponto n.1) e ele olhou para o teu rabo (ponto n.2), deitado na tua cama (ponto n.3), e sugeriu um beijo (ponto n.4). E tu? Nada fizeste! Mata-te!

Eu: Epá tu vê lá se atinas!!! Onde é que eu disse que estava em cuecas e que ele olhou pró meu rabo e sugeriu um beijo???
Amiga: Acordei agora. Passei-me completamente! Assim está bem…

Portugal!
Eu não consigo ser uma pessoa normal, pelo simples facto de me relacionar com gente desta!

(Caracois-L)

PS: se calhar sou eu que já não percebo nada destas coisas, mas o normal não é primeiro "beijo" e só depois "estar em cuecas"?

sábado, 6 de fevereiro de 2010

cara-metade

Post com bolinha ameaçadora no canto superior direito e totalmente baseado em factos verídicos. Se fores menor e estiveres a ler isto, continua, mas não avises os teus pais.


Tinha combinado encontrar-me com duas amigas para um copo ao final da tarde. Uma delas não apareceu, então a outra levou dois amigos dela para compensar a falha. Curiosamente cada um deles tinha uma mota de água e fomos os quatro dar uma voltinha. Cada um deles na sua mota com uma de nós à pendura de cabelos ao vento. Rimos muito, atropelámos 2 golfinhos e 3 garrafas de óleo vazias. Havia pessoas a brincar à beira-mar e fizemos aquela piada que os autocarros me fazem em dias de chuva quando há poças de água na estrada… chuuuuuááááá! Banho para cima deles! Mas um deles não gostou da brincadeira e agarrou numa pedra da calçada que atirou com toda a força na nossa direcção. Desviei-me mas ainda a levei de raspão na bochecha esquerda. Quando chegamos a terra, eles em pânico e disseram-me que eu tinha um valente buraco na cara! Fui a correr para casa onde a minha mãe me tratou a mazela com água oxigenada e tintura de iodo e colocou um penso rápido, enquanto me avisava que tinha convidado 20 pessoas para jantar porque eu não podia continuar a comer daquela maneira, que a primavera estava a começar, e assim sempre conseguia que eu não comesse aquilo tudo sozinha. Lavei a loiça que aquela gente toda sujou, tomei um banho e tirei o penso rápido porque a ferida já estava curada. Neste momento o homem dos meus sonhos liga-me a convidar para jantar em casa dele, aceitei sem lhe dizer que já tinha jantado e senti-me vitoriosa por ter conseguido boicotar o plano maquiavélico da minha mãe. Jantámos e depois enrolámo-nos à bruta pela casa toda. A princípio estava envergonhada, porque não conhecia a família dele, mas afinal são todos uns porreiraços e deixaram-nos à vontade. Nisto…


TI-RI-RI-RI-RIIIIII
Acordo desorientada. Tinha recebido uma mensagem. TMN: “ponha a sua cara-metade a ouvir Mariah Carey quando lhe liga”…
Filhos da mãe! Já é a segunda vez que me mandam esta mensagem esta semana. Se for preciso há por aí muito boa gente com vontade de pôr o seu "mais que tudo" a ouvir esta bardajona e não recebeu esta mensagem. E eu, que não tenho nem cara-metade nem vontade de ouvir a bardajona, já a recebi duas vezes! E com o homem dos meus sonhos estava eu no bem-bom e por muito que tente voltar a dormir e concentrar-me em voltar ao mesmo sonho, vou sonhar que sou um cachalote no meio do oceano! Merda pra isto!
(Caracois-L)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

elefante preto

Havia música e havia qualquer coisa que a deixou tonta. Não se sentia perdida, mas não queria estar ali. Já em paz, havia ainda qualquer coisa que a deixava tonta. E de repente tinha-o nas mãos. Pequeno, escuro, estranho. O seu mundo era pequeno. Entregou-o a quem tinha espaço para ele sossegar. Mas não queriam que ela o esquecesse. Deixaram-lhe uma marca que cabia no seu mundinho. Passaram dias separados, mas ela não o esqueceu. Finalmente juntos, ele contempla a sua deusa a fazer o que lhe dá mais prazer. Ela olha-o ainda sem perceber…


Ok… esta foi a versão romântica dos factos.
A verdadeira história é esta!
Sábado, fui ver um concerto à tarde e bebi um “bocadinho”. Depois fui jantar com as minhas gajas e bebi mais um “bocadinho”. Depois apareceu um preto a vender bonecos e eu comprei um elefante. Porquê? Não sei. Não cabia na minha mala, pedi a uma amiga para o guardar. O preto voltou atrás porque se tinha esquecido de me dar os “dentes” do bicho, que até cabiam na minha carteira. E só então me lembrei que os elefantes têm aquele marfim todo, porque até aí o meu elefante "desdentado" parecia-me uma autêntica obra de arte! Depois a minha amiga, essa bêbeda, esqueceu-se de me dar o elefante antes de ir para casa. Deu-me ontem. Agora estava a jantar e olhei para cima do móvel. Tenho que o pôr o raio do elefante noutro sítio. Ali parece que está a olhar para mim. E o gajo é feio e tem a cauda do mesmo tamanho que a tromba, que ainda por cima é torta. Mas onde é que eu estava com a cabeça?

(Caracois-L)