Então este fim-de-semana fui uma menina bonita e fui "à terra". Para o ano novo, cada uma de nós propôs 5 desafios a si própria, para realizar em 2010. Um dos meus foi ir a casa dos meus pais pelo menos duas vezes por mês. "Eh rapariga, pela maneira como falas, isso deve ser lá para o Minho! Duas vezes por mês é desafio que se preze, sim senhor!" - Não, é mesmo ali na Moita, duas curvas depois de qualquer uma das pontes sobre o Tejo... Ah, mas eu vou de barco! É desafiante na mesma! Não?...
Bem, mas lá fui. Jantar de grupo das amigas do lado de lá. Depois um copo com o pessoal lá no café "in" do sítio. Pessoas que ainda não tinha visto este ano. Foi giro. Até que aperece uma figura... "Olá, tás boa e tal", conversa de ocasião e pergunta "por acaso não passaste pelas Amoreiras ontem, não?" Eu disse que não e perguntei porquê... "Ah pá! Então parecias mesmo tu, assim baixinha com brutos caracóis, com a malinha pendurada no braço como costumas andar e assim com os pés à-um-quarto-para-as-cinco..."
PÁRA TUDO!!!!
Pés para onde?!
Epá pés às-dez-para-as-duas até podia ser. Se bem que é um exagero, quanto muito ando com os pés às-cinco-para-a-uma! Mas isto é quase incompatível com a vida! Isso era ter o pé direito para trás! Atrasado mental!!!
Não liguei, nem respondi, continuei a falar com a minha amiga e ele foi embora.
Mais tarde, sentadas de esplanada, depois de uma imperiais, já com o dito café fechado (pouca gente na rua, portanto), lembro-me deste aborto-espontâneo-com-pernas e levanto-me para imitar o que seria eu andar com os pés à-um-quarto-para-as-cinco. Aparece um amigo de uma das minhas amigas acompanhado por alguém que nem me dei ao trabalho de ver quem era, porque estava ocupada a ser o palhaço da noite. Sento-me gloriosa com o meu espectáculo, eu e elas lavadas em lágrimas de tanto rir, com suspiros moitenses de pura satisfação como "ai caralho!". O amigo da outra diz xau, nós dizemos xau, ele vai embora com o outro, nós continuamos na nossa galhofa. A outra recebe uma mensagem do amigo que tinha acabado de sair a dizer: "vocês são mesmo más, a fazerem isso com o (não me lembro do nome dele) ao meu lado!". O tal de quem não me lembro o nome, é só um jovem com uma deficiência física, com os pés lá para as dez-e-vinte e que anda quase tão bem como a minha pantomima nocturna.
Inferno, aí vou eu!
(Caracois-L)