segunda-feira, 30 de julho de 2012

era uma vez uma inocente noite de domingo no cais do sodré (por etapas)

1) Sais com uma amiga só para beber duas imperiais e jogar conversa fora.
      2) As duas imperiais afinal já vão em cinco ou seis.
      3) Aparece um grupo de estrangeiros visivelmente embriagados.
      4) Para vossa própria diversão, tecem comentários depreciativos acerca dos estrangeiros protegidas pela barreira linguística e pela música alta.
      5) A música não está assim tão alta.
      6) Um dos estrangeiros afinal é português e mete conversa com vocês.  Confirma que percebeu tudo o que disseram. Um é espanhol e decide pagar-vos o resto da bebedeira. Outro é libanês, acompanhado da namorada francesa e passa o resto da noite a lançar charme para uma de vocês. A namorada francesa não se manifesta. Há uma luso-francesa claramente lésbica. Decidem nem olhar muito para ela. Os outros não são dignos de registo.
      7) Saltam de bar em bar.
      8) Os estrangeiros vão desaparecendo aos poucos. Sobra o português, o espanhol e um dos que não é digno de registo.
      9) O espanhol continua a financiar a bebedeira. 
      10) A cerveja é um diurético potentíssimo. Diriges-te ao WC sozinha, mesmo sabendo que a porta não fecha. 
      11) Orgulhosa da tua própria elasticidade e feliz por teres decidido vestir uma mini-saia, consegues fazer o teu xixi com um pé na porta e outro no chão, com o rabo a abanar por causa da bebedeira mas sem falhar o alvo.
      12) Ponderas arranjar um part-time num circo qualquer.
      13) Sais para lavar as mãos e apercebes-te que não pingaste o chão porque os pingos estão todos nas tuas pernas.
      14) Tiras dois toalhetes de secar as mãos e começas a limpar as pernas.
      15) O segurança do bar entra de repente em perseguição de um homem que supostamente entrou ali depois de ti.
      16) O diálogo que fez história: “Onde está o homem??” – “Qual homem??” – “O que veio atrás de ti!!” – “Não está aqui homem nenhum!!” – “O que estás a fazer??” – “A limpar as pernas…” – “…porque esteve aqui um homem contigo!!” – “Não… porque me mijei toda…” – “Onde está o homem??!!”
      17) Constatas que, para os seguranças da noite, é mais fácil acreditar que te enrolaste com o homem invisível numa casa de banho do que teres-te mijado nas pernas numa pose acrobática. Ficas indecisa se isso abona a teu favor ou não.
      18) Chegas a casa e vomitas-te toda.

     Caracóis-L