terça-feira, 27 de abril de 2010

Praga by caracois-L (o resto)

Vou ter que resumir o resto da viagem num só post.
Os motivos são vários:
1) eu sofro "realmente" de amnésia. Ok, muitas vezes é uma amnésia selectiva, mas passado duas semanas do regresso, já não me lembro de tudo em detalhe (se é que alguma vez me lembrei...);
2) pessoas com trocos contados não têm grande coisa para fazer, muito menos para contar;
3) já me apetece falar de outras coisas, como velhos a fazerem-me propostas indecentes no trabalho, da minha dieta primavera-verão 2010, dos meus amigos que são todos atrasados mentais ou de pessoas estranhas que conheço em situações ainda mais estranhas.

Então, bora lá!

PRAGA BY CARACOIS-L (DIA 5)
Não se passou nada. Acho que estava calor e dormimos a sesta num jardim onde era proibido fumar. Jantámos no restaurante italiano do primeiro dia, estávamos de ressaca e cansadas.
Momento zen: depois de jantar ficámos à porta do hostel a fumar um cigarro. Apareceu um doido bêbado com ar de tarado, que não falava, mas que ficou ali parado a olhar para nós com cara de “vou-te comer”. Com um bocadinho de medo (mas só um bocadinho) decidimos entrar. O gajo era mesmo assustador. Entretanto em conversa com o segurança, ele diz que pelas câmaras de segurança viu que estava indivíduo tal e coiso a meter-se com as gajas à porta, nós confirmámos, achámos o gajo sexy (o segurança!) e sorrimos. Um pouco mais tarde lembrámo-nos de um certo concurso de peidos que tínhamos feito ali mesmo, à porta, a fazer cara de concentradas a cada peidola e com os casacos a abanar para afugentar o cheirinho. Implorámos aos Deuses para que o registo fosse só de vídeo e não de som…
E os “faxes”? A cada envio, um grito de dor era abafado! Papel assassino de rabos!

PRAGA BY CARACOIS-L (DIA 6)
Pessoas com pouco dinheiro já não jantam em restaurantes.
Pessoas com pouco dinheiro cozinham no hostel.
Pessoas como nós esquecem-se de comprar metade dos ingredientes que precisam.
Pessoas como nós e com pouco dinheiro, roubam ingredientes aos outros hóspedes quando eles não estão a ver, pedem um bocadinho de azeite e usam meia garrafa, usam os restos dos frascos de polpa de tomate de pessoas que não conhecem e ainda lhe deitam um bocadinho de água lá para dentro porque o que está agarrado às paredes do frasco também é bom, usam o queijo não sei de quem porque é mesmo esse o ingrediente que vinha agora a calhar e assim fazem o melhor prato que algum dia se confeccionou naquela cozinha.
E para quem se queixa que o roaming sai caro: experimentem mandar “faxes” na República Checa durante uma semana. Cheguei a pensar que ia precisar de cirurgia reconstrutiva quando chegasse a Portugal! Renova branquinho e fofinho com folha dupla… Oh saudades…

PRAGA BY CARACOIS-L (DIA 7)
Claudete e Sandrinha voltam de Viena. Passeámos durante o dia. Arrumámos as malas. No dia seguinte de madrugada (em férias, 7h da manhã é madrugada!) estávamos de regresso. Não mandei “faxes”: próxima cagada, só com o carinho do meu Renova a seguir!

PRAGA BY CARACOIS-L (O REGRESSO)
Acordámos cedo. Fizemos escala de 5 horas em Bruxelas. O “fax” queria sair, mas eu fiz birra e não deixei. Dormi em tudo quanto era canto. Sabia que assim que chegasse a casa, tinha que me sentar em frente ao computador a trabalhar.
E o avião aterra em Lisboa.
E a porta do avião abre para os passageiros saírem.
E entrámos no túnel de acesso ao edifício do aeroporto.
E as paredes do túnel estavam todas forradas com anúncios publicitários de papel higiénico Renova, de várias cores, com folha dupla, com folha tripla, com o raio que os parta e eu com uma vontade descomunal de dar liberdade à tripa!

E pronto. Assim acabaram as minhas primeiras férias de 2010!
Caracois-L

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Praga by caracois-L (dia 4)

A partir deste dia o grupo separou-se em dois. Eu, Deia e Bá ficamos as três em Praga. E lá fomos fazendo a nossa vidinha de turistas, mas só a partir da hora de almoço, que isso de acordar cedo quando se está de férias é uma heresia.

Planos para o fim do dia: ir conhecer o clube de jazz mais badalado de Praga. Tínhamos indicações de que era melhor reservar lugar. Passámos por lá ao fim da tarde. E à entrada estava um papelão pavoroso (uma folha A4 normal) com um preço absurdo (300 coroas = 12 euros) e sem direito a bebidas (oh gente doente, como pode????). Achámos que aquilo era completamente despropositado, tirámos uma foto para provar que estivemos à porta e voltamos ao hostel mortas de cansaço porque nos fartámos de andar nesse dia.

Sentámo-nos derreadas, com cara de besugos no sofá. Nem tínhamos forças para pensar em ir à procura de sítio para jantar. Mas Deus teve compaixão de nós. Uma das miúdas americanas lá do hostel veio meter conversa “ah e tal o que vão fazer hoje à noite? Nós vamos a uma festa, querem vir?”… E esticou-nos um folheto para as mãos. Quase chorámos de emoção. Por 390 coroas (nem chega a 16 euros), íamos a uma festa que começava num bar com bebidas gratis para as gajas durante duas horas, passava por mais 4 bares e acabava com entrada à borliu na disco dos gajos do rugby!!!! O período do bar aberto era das 20 às 22 horas, portanto, e como é lógico, despachámo-nos a correr, jantámos a correr e chegámos lá relativamente a horas.
E o ambiente era brutal. Cerca de 40 marmanjos, com vontade de apanhar uma valente bebedeira. E lá entrámos no espírito da coisa, todos em cortejo a passar por vários bares. O guia (sim, tinha guia e tudo!) avisou-nos que íamos parar no último bar antes de ir para a disco. E aquela rua pareceu-nos familiar… Olhámos bem e… o último bar era O BAR DE STRIP que a miúda do restaurante nos tinha indicado na primeira noite. Coitada… Eu disse que lhe ia partir a boca… O bar era simplesmente o máximo!!! Havia gajas descascadas, havia… mas só numa das salas e aquilo tinha (pareceu-me, porque eu já não estava em condições de fazer contas complicadas) mais 3 salas. Só não cheguei a pedir desculpa pessoalmente à miúda, porque não lhe cheguei a fazer efectivamente mal nenhum. Enfim…

E a festa foi o máximo até acabar. Tive uma amnésia terrível, mas as fotos mostram o suficiente.
Quanto aos “faxes”: comecei a entrar em negação.
Caracois-L

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Praga by caracois-L (dia 3)

Acordámos as três do costume, com as duas do costume já fora do hostel há várias horas. Levantei-me torta e zonza, a noite tinha sido pesada. E lá fui à minha rotina matinal. As “comunicações por fax” pediam para serem iniciadas. Cheguei ao “escritório” e aquele papel-lixa-cinzento-assassino-de-rabos sorriu para mim com ar de gozo… Recusei-me a entregar os pontos logo de manhã (2h da tarde, para ser mais precisa). O processo de engorda associado ao acumular de detritos sólidos no interior do meu corpo, provocou um aumento de volume abdominal progressivo ao longo do dia como nunca tinha visto em mim! Se isso me fez parar de comer e beber cerveja o dia inteiro? Pffff eu sou das duras, claro que não!

Entretanto, durante o almoço, tomámos a decisão dolorosa. O plano destas férias incluía uns dias em Viena. Mas tínhamos sido roubadas. Operação Viena abortada pelas três. A parte ainda mais dolorosa: comunicar a decisão às outras duas. E não foi bonito.

Este dia não teve muita história. Passeámos a tarde toda. Falámos as cinco. O ambiente não ficou o melhor. A Sandrinha e a Claudete decidiram ir a Viena as duas sozinhas, nós as três conseguimos arranjar quarto no mesmo hostel para o resto dos dias. Jantámos e decidimos não sair nessa noite. Ficámos na sala de estar do hostel a jogar às cartas. Apesar de tristes, lá nos entretemos a beber "algumas" cervejas e a ter conversas de índole sexual para adultos com mente muito aberta, em português, com gargalhadas em voz alta e sempre sem ninguém nos perceber. De vez em quando verificávamos a nossa segurança: “alguém aqui fala português?” Ninguém respondia, podíamos continuar. Até que entrou um grupo de gajos. O último era bem giro. Vinha de fato-de-treino. Empolgada pelo teor lúdico-absurdo-ordinário da conversa, lancei em voz alta para se ouvir bem em todo o hostel: “Já roçava a minha snaita nesse fato-de-treino!” E pelo canto do olho vi o fato-de-treino parar, virar-se para trás e fazer a cara mais escandalizada que vi em toda a minha vida. É… para além de não ter verificado a segurança com a pergunta mágica, eu disse "snaita", referindo-me à minha querida “Maria Francisca”, dirigindo-me a um homem que nunca tinha visto na vida e que por azar tinha que ser português! O buraco no chão que eu desejei que se abrisse por baixo de mim e que me engolisse não se abriu e ainda tive que levar com a cara do gajo a fazer-me sorrisos malandrecos nos dias seguintes.

Antes de dormir não aguentei mais e tive que me render à maior tortura física de que tenho memória em toda a minha vida e o meu rabo ameaçou-me de cortar relações comigo. E comecei também a desconfiar que os checos têm todos prisão de ventre ou rabos super-heróis. O uso diário daquele papel é incompatível com a vida. “Renova folha dupla, vou fazer-te um altar quando chegar a Portugal!
Caracois-L

terça-feira, 13 de abril de 2010

Praga by caracois-L (dia 2)

Ora bem! Era domingo de Páscoa. E eu acordei de ressaca. Portanto: até aqui, um Domingo de Páscoa normal.

Tal como no dia anterior, Sandrinha e Claudete levantaram-se mais cedo e foram passear. Eu, Deia e Bá ficámos na ronha. Quando nos dignámos a ir para a rua, Bá olhou para um restaurante ali perto e disse: “olha, apetecia-me mesmo uma omelete e estes aqui fazem…
Entrámos.
Acabámos por beber meio litro de cerveja cada uma, com goulash, pão, cogumelos panados, batatas cozidas, panados de frango, batatas assadas, molho não-sei-quantos… Ainda não sabíamos, mas a nossa campanha de engorda tinha começado naquele momento.

Fomos ter com as outras duas e decidimos ir visitar o cemitério judeu, onde pediam 300 coroas (cerca de 12 euros) para entrar! Opá não é que seja alguma fortuna, mas tínhamos sido roubadas no dia anterior, e eu espreitei lá para dentro e só se viam pedras empilhadas umas nas outras, e eu tinha que ter dinheiro para a cerveja (cada um tem as suas prioridades, ok?). Cria-se o impasse, umas querem ir, outras não sabem, outras dizem logo que não, os outros turistas a quererem passar e nós já de mão na cintura a discutir umas com as outras. Até que a discussão acaba quando eu abro a boca: “Opa, então eu posso ir ver as lápides da minha família à pala e não vou, e agora ia pagar pra ver as lápides dos outros todas ao monte?? Foda-se!” E nenhuma foi ao cemitério. Ainda não sabíamos, mas esta foi só o primeiro exemplar da colecção de frases "memoráveis" que se disseram nestas férias.

Fomos dar uma volta pela cidade. No dia anterior tínhamos atravessado o rio, andado de barco, subido ao castelo… O dia todo num virote. Hoje não nos queríamos cansar muito. Tínhamos uma festa reggae para ir nessa noite.
E fomos. A festa ficava num palacete qualquer, fora do centro de Praga. À chegada fui logo "mandar um fax" porque o jantar tinha sido pesado... E a festa era num Palacete, mas o papel-lixa-reciclado continuava o mesmo! O cú destes gajos deve ser revestido a titânio, para aguentarem com isto todos os dias! Que saudades do Renova!!!
Momento da noite: homem feio fala com Deia, Deia diz em português "man, tens os dentes todos podres, man!", o feio não percebeu nada, Deia sorriu, o feio sorriu de volta. Ainda não sabíamos, mas este foi o início da nossa maior diversão por terras checas: falar em português coisas abomináveis na cara dos estrangeiros, sabendo que eles não estão a perceber nada.
Balanço final: a festa foi de loucos! Apesar da amnésia, tenho fotos que o comprovam.

Festa acabada, apanhámos um taxi. A junção dos factores "estrangeiro", "álcool" e "taxi" às vezes não dá bom resultado... Limito-me a contar o diálogo no interior do veículo (exactamente como está escrito, o português em português e o semi-inglês em semi-inglês):
Bá: Babes, eu não tou a reconhecer este sítio...
L.: Foda-se eu também não...
Deia: Eu também não, mas acho que sim....
Bá e L.: Bêbeda de merda!!!
(E desatámos todas a rir como se não houvesse amanhã: podíamos estar a dar a volta à republica Checa de taxi, who cares? Bêbedas mas felizes!!!)
L.: Espera lá que eu falo com o taxista... olha lá oh cabrão, tu não me enganes tás a ouvir? tás a ir pra onde, caralho?
Bá e Deia: Acho que isto já é perto. Stop stop!!!
L.: Yeah! Stop!
Depois tentei agredir o taxista porque ele nos estava a dar 2 coroas a mais no troco. O meu cérebro tinha ficado retido na parte do "este gajo quer-nos enganar..."

Caracois-L
PS- para quem acha que nós não fomos passear e conhecer os monumentos e os etcéteras: nós fomos, mas essa parte das férias é igual às férias do resto das pessoas...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Praga by caracois-L (dia 1)

Primeiro acordar em Praga!
Duas de nós deixaram o hostel mais cedo para ir tomar o pequeno-almoço. As três mais preguiçosas (eu incluída, claro) ficaram a fazer ronha. Fui “mandar um fax” ao WC e quando volto a Bá perguntou: "quanto dinheiro tens?" Eu não tinha o que pensava, ela também não, comunicámos com as duas que saíram mais cedo e elas também não. FOMOS ROUBADAS!!!! Fomos à recepção apresentar queixa e o rapaz do balcão (muito bem-parecido, por sinal) chamou a polícia, indicando que nós só falávamos português ou inglês. Disse-nos que eles iam chegar dentro de 20 minutos. Esperámos, esperámos… E uma hora depois chegou um polícia que só falava checo, cheio de papéis para preenchermos, sem conseguir pronunciar os nossos nomes de forma perceptível, mas… com máquina fotográfica! Não voltámos a ver o nosso dinheiro, mas as fotos das nossas camas desarrumadas com roupa interior exposta e toalhas de banho atiradas por todo o lado, constam dos arquivos de uma esquadra de polícia na República Checa!

Não valia a pena dramatizar. Fomos passear o resto do dia. Comemos em tudo quanto era sítio. Bebemos cerveja como se não houvesse amanhã.

Entretanto, Claudete e Sandrinha queriam ir àquela que é supostamente uma das maiores discotecas da Europa. Karlovy Lazne, com 5 pisos, cada um com um tipo de música diferente. Antes ainda fomos a um bar beber um copo, onde havia uma pista de dança, onde passou Gipsy Kings (matem-se), onde as checas tentavam dançar, onde nos rimos da figura que elas fazem. Para aquela gente o ritmo da música não interessa nem um bocadinho, o que conta é mexer-se freneticamente com néons imaginários na testa a dizer “hoje quero foder”.
E lá fomos ao Karlovy Lazne, onde tínhamos que pagar para entrar, e onde pagámos e entrámos… E de repente estávamos em Tóquio, debaixo da terra, em 2085. O ar era pesado, mesmo no último piso, as pessoas eram estranhas. Havia máquinas de fumo com pessoas claramente sob o efeito de drogas desconhecidas a dançar uma música qualquer menos a que estava a passar e a levar com o dito fumo directamente nas fuças. Havia jogos electrónicos projectados numa tela onde pessoas ainda mais drogadas apanhavam borboletas virtuais com as mãos... Quase em pânico, subimos até ao último piso… e decidimos começar a descer… até pararmos onde?... na cave, claro! E aí voltámos a entrar na máquina do tempo: Bronx, 1998. E no meio das centro-europeias que tentavam abanar o rabo e as mamas que não têm, a um ritmo 10 vezes mais rápido que o da música de pretos de há 10 anos atrás que o DJ ia passando, fomos rainhas! E de repente vemos um rapaz grande giro, e mais outro, e mais outro, e mais outro e tantos…. A equipa de rugby do avião estava toda ali, de banho tomado, com camisolas da selecção da Bélgica (e eram mesmo, o Google confirmou com fotos). Ou o banho deles foi milagroso ou a cerveja checa é alucinogénica, mas todos eles, até os muito feios, agora eram no mínimo “engraçadinhos”! Passado uns momentos olharam para nós, comentaram qualquer coisa, riram-se para nós, aproximaram-se… a conveniente amnésia da ressaca é uma coisa lixada, mas temos fotos que comprovam que fomos todos amigos de longa data por uma noite!

Mortas de cansaço, voltámos ao hostel para dormir. Ainda fui “enviar um fax”. Um envio longo… deu para pensar em algumas coisas. Em todos os WC que já tinha ido em Praga, o papel higiénico é reciclado. Oh que povo com preocupações ecológicas. Que se lixe que dancem mal e que as gajas do Karlovy Lazne estejam agora a pensar mal de nós. Invejosas porcas, mas que usam papel higiénico reciclado. Lindas meninas!
Segundos depois o meu rabo pensou mais alto: Foda-se! As saudades que eu já tenho do Renova de folha dupla! Que se foda a ecologia! Isto não é papel, isto é uma lixa!
Caracois-L

domingo, 11 de abril de 2010

Praga by caracois-L (dia 0)

Estive de férias!
Fui para Praga!
Podia eu ter umas férias normais?
Poder podia, mas… ai espera! Os gajos do anúncio é que dizem isto.
Não, eu não podia ter umas férias normais!

Passo então a contar as minhas férias. Um (longo) post para cada dia. Atenção aos detalhes, tudo tem uma explicação no fim. Ressalvo desde já, que tanto eu como as pessoas que me acompanharam na viagem, sofremos de distúrbios de personalidade gravíssimos.

A minha história começa com a minha saída de casa. Uma mala com 20kg a ser “carregada” por este corpinho de metro e meio desde o 2º andar de um prédio sem elevador até à rua, é espectáculo digno do circo Chen.

E lá nos encontrámos as cinco no aeroporto mais ou menos à hora combinada (eu atrasei-me, claro, mas culpei a mala!), e lá voámos até Bruxelas, onde fizemos uma escala de 3 horas. Fomos almoçar lá numa coisa de hambúrgueres, todas pediram um menu normal, todas pagaram um menu normal, eu levei um menu-mega-qualquer-coisa… Explicação lógica (para nós): a gaja do balcão não se enganou, simplesmente é lésbica. Ao nosso lado almoçavam 3 rapazes de grande porte, com camisolas cinzentas iguais com “rugby” escrito nas costas. Eram feios como uma noite de temporal. Não olhámos mais para eles. Até porque eu tinha pressa. Estava na hora de “ir mandar um fax” ao WC.

Chegada a hora do embarque para Praga, fomos para perto da porta de embarque. Aí estavam, contagem por alto, cerca de 15 rapazes de grande porte com as tais camisolas cinzentas. Alguns menos feios que outros. Passámos pela segurança antes deles e ainda ficámos a olhar bem para as medidas dos glúteos e perímetros torácicos de cada um deles, apontado para o “mais entroncado”, o “menos feio”, o “mais simpático”, através do vidro que nos separava. E olhámos mais um bocado, comentámos, apontámos mais um pouco… até que nos apercebemos que eles nos olhavam com caras incrédulas… Lição de vida: os vidros transparentes permitem ver, mas também que sejamos vistos.

Finalmente chegámos a Praga. Ainda no aeroporto fomos trocar euros por coroas checas, todas a trocar mais ou menos o mesmo valor, todas a demorar mais ou menos o mesmo tempo… menos eu. O rapaz do outro lado do balcão deu-me um talão qualquer, só a mim, para EU trocar as coroas que me sobrassem sem pagar mais taxas. Explicação lógica (para nós): há pessoas normais e há pessoas com o meu decote.

Primeiras actividades em Praga: fomos ao hostel dar entrada e fomos à procura de sítio para jantar. Escolhemos um dos 1500 restaurantes italianos de Praga e sentámo-nos. Bebemos um litro de cerveja cada uma, mas também conseguimos comer. No fim perguntámos à empregada do restaurante se conhecia um sítio para beber um copo e dançar um bocado. Muito prestável, escreveu um nome de um bar e a respectiva rua num papel. Procurámos, procurámos e encontrámos… numa cave, um bar de strip feminino, cheio de gajas descascadas. Não sei se as orelhas da dita empregada caíram ou não, mas que a ofendemos a ela e à família e ainda planeámos vingança, lá isso fizemos! Procurámos outro sítio e acabamos a beber um copo num bar que ficava numa cave, enquanto assistimos ao vivo a rituais de acasalamento, até aquele momento totalmente desconhecidos para nós, entre pessoas feias, pessoas muito feias, pessoas esquisitas e outras de aparência não-humana.

Com um misto de “oh Deus que merda foi esta?” e a esperança de que houvesse algo mais na noite de Praga para além de coisas paranormais, voltámos ao hostel para dormir. Eu ainda “fui mandar mais um fax”.
Caracois-L